
Espelho - uma superfície lisa, um objeto polido que reproduz
nitidamente, imagens que o defrontam. De repente, algo se revela, se reflete,
reproduz.
Por outro lado, espelho pode tipificar um exemplo de vida. Fulano é um
exemplo para todos nós, que maravilha! Ou, Que mau exemplo, nunca se espelhe em
fulano, ele é um modelo que não se deve seguir.
Por que tantos embates entre os homens, cujas
necessidades desaguam para o mesmo rio – ser feliz, ser reconhecido perante seu
semelhante?
Penso que agem desta forma como não se tivessem
espelho. Não enxergam sua própria imagem mutável a cada segundo de vida. Penso
que se vestem de clichês virtuais, maquiados pela incompetência narcísica.
Será insuportável se olhar e ver as marcas de um eu, que
precisa de um oleiro para refazer o seu vaso rachado? Rachado pela ação da
onipotência, da pequenez, da presunção, da arrogância ou será o
contrário?
Como revelar uma casa bonita por fora, prestes a ruir a
qualquer momento? - Suas bases revelam a rigor um alicerce formado pela
insegurança, solidão, medo, sentimento de inferioridade, incapacidade em amar o
outro, como reflexo da sua própria imagem. Há muito que aprender nesta vida.
O homem contemporâneo alçou vôo nas descobertas do novo
século, entretanto, aportou a âncora nas muralhas de si mesmo. Vivem no cárcere
das emoções, tomados pelo pavor da violência e pelo torpor da convivência – já não
confiam mais no outro como reflexo da sua própria confiabilidade. São tão
inconfiáveis, levianos, intransigentes. A constatação é simples, tênue, sutil:
- A culpa será atribuída sempre ao outro.
George Elton Mayor – um
cientista social australiano postulou a teoria
das Relações humanas, contrapondo à abordagem Clássica da Administração,
fazendo brotar a Teoria das Relações Humanas.
A experiência
teve inicio em 1927, na cidade de Chicago, numa fábrica de montagem de relés,
situada no bairro de Hawthorne. A finalidade desta experiência era de realizar
um estudo sobre a fadiga no trabalho. Foram selecionadas seis
operárias que trabalhavam na sala de provas da referida fábrica. A ênfase
focava como manter o ritmo de produção, controlando com precisão algumas condições
físicas, como temperatura, umidade da sala, duração do sono na noite anterior,
alimentos ingeridos, era objeto de observação.
Independente
das condições ambientais e da estrutura de benefícios oferecidos às trabalhadoras,
elas declaravam gostar de trabalhar na sala de provas. A supervisão era branda,
o ambiente amistoso e sem pressões, a conversa era permitida e não havia temor
ao supervisor. As moças fortaleciam os laços de amizades, as quais se
estenderam para fora do trabalho. Conclusão: - Tornaram-se equipe,
desenvolvendo lideranças e objetivos comuns.
Os
pesquisadores começavam a desvendar um caminho que aportava a âncora na terra
fértil do coração humano. Eles observaram que os fatores psicológicos alteravam
de maneira singular o comportamento dos funcionários. Era um misto de
constatação, onde o comum passava a obter o corpo formado pela valorização da
natureza humana.
As pessoas
podiam falar o que sentiam a respeito da organização como um todo, da mesma
forma como poderia conhecer os problemas de seus companheiros de trabalho.
Resultado - o crescimento era dual. A organização se integrava a um organismo.
A sua interação, impulsionava ao equilíbrio - um feed back reforçado pelo zelar
do bem-estar entre as pessoas. Caso surgisse um sabotador, tipificado como
"delator", visando comprometer a estabilidade conquistada, o grupo
não aceitaria. O antivírus era produzido pela desagregação deste valor,
reforçando a solidariedade entre eles. Não seria mais aceito qualquer ação que
visasse prejudicar o companheiro de trabalho.
Precisamos do outro, como a vida imprime este
complemento. Não nascemos sós. Mesmo no trabalho de parto no meio da selva, sem
recurso algum, sempre haverá o dual – a mãe e o filho. O filho e a sua própria
existência interagida na seiva da vida. A biosfera, o biossistema mitigando o princípio da existência.
Como já dizia Fernando
Veríssimo: “- Pensando bem em tudo o que a gente vê, vivencia, ouve e pensa,
não existe uma pessoa certa ... porque a vida não é certa. Nada aqui é certo!
... O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo,
amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo...E
só assim, é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz:
"Graças à Deus deu tudo certo"
Caminho pelas ruas. No compasso de meus
passos, dirijo-me ao cumprimento da agenda diária. Entro no carro. Passo batom.
Penteio os cabelos, coloco o cinto de segurança. Oro ao meu querido Deus para
me acompanhar e enxergar o que não quero ver, para me tornar uma pessoa melhor.
Acho que o espelho está se refletindo agora ...