terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Há momentos




Há momentos que dizem respeito tão somente ao nosso mundo insólito. Aqueles amanhecidos em nosso pensar, pujante e avassalador. Momentos reverenciados a Deus - um sussurro levado pela brisa do vento. Geralmente, ao entardecer. Sol se pondo nas montanhas. Céu cor de rosa cheio de algodão flutuante. É o momento do balanço das emoções. Como poeticamente escreveu Gonzaguinha ao tom musical – Viver e não ter a vergonha de ser feliz. ­
Há momentos permitidos por Deus para o nosso crescimento. Olhamos o horizonte, os raios dourados refletir timidamente “ ... Ao som do mar e à luz do céu profundo... Iluminado ao sol do novo mundo!”. Do nosso mundo interior. Há tanto a falar e por que não dizer – Há tanto há mudar!.
A vida é uma dádiva de Deus. Uma batalha permitida na concepção da existência cujo nascer por mais adverso que possa representar, talvez advindo em circunstância complexa, impulsiona uma certeza: - somos vitoriosos! Mesmo aqueles advindos de uma rejeição humana - Deus nos amou incondicionalmente a ponto de nos trazer a vida. O que fazer desta obra prima será resultado do respeito incondicional chamado livre arbítrio. Às vezes, me pergunto - Como seres humanos, semelhantes, segregam a oportunidade de ser feliz? Sim! Porque a felicidade não se encontra em poder de mortais iguais e passiveis das mesmas paixões. Deus é o segredo revelado a todos que desejam Conhecê-lo para viver esta plenitude. Pensem comigo. O homem segrega, Deus acolhe. O homem julga, Deus absorve. O homem fere, Deus cura. O homem discrimina e Deus nos vê igual. O homem é amargo. Deus é doce e suave. O homem determina, Deus nos dá possibilidades e respeita as nossas escolhas, mesmo aquelas que nos tornam distantes Dele. Ele aguarda nos amando, mesmo sendo rejeitado por nós. Resultado: - Tornamos o principio da convivência inóspita, inacessível, nos tornamos amargos deuses da verdade absoluta.
Casais que se aprisionam. A grande maioria busca em sua essência o reconhecimento e o desejo de ser feliz, mas não sabem exprimir tal sentimento. Infelizmente, tornam-se reféns duais ao achar que podem se apropriar de um bem humano. Uma linguagem incompreendida, às vezes, tácita e perversa. Com isso, o tempo passa, o sorriso fenece porque a alma chora e se amarga.
A convivência entre pessoas são temperadas pela insensatez, insegurança, não sabem mais despertar e conquistar a plenitude de uma amizade saudável. Aquela movida pela leveza de momentos indescritíveis – a famosa conversa lançada ao solo do rico diálogo sem cobrança, das gargalhadas temperadas pela pipoca compartilhadas por várias mãos ou do silêncio afável do estou aqui, sendo suficiente para nos sentirmos seguros.
Há momentos para abrirmos as portas do coração. O sentido da vida versa pela verdade criada e atribuída pela nossa própria razão. Não é fácil acordar e aquiescer uma verdade camuflada pela transferência de uma responsabilidade. O caos de um viver imputado ao outro, ruminando repetições e fracassos. Perdemos oportunidades para reconstruir nossa história e nos tornar feliz.
Há momentos que nos despertam a mudar. Desarrumar a casa, jogar entulhos armazenados há anos sem serventia alguma. Momentos de stop, de atenuar o peso balizado e mudar a polaridade. Aristóteles referia-se ao equilíbrio quando mencionava que o mesmo se encontrava no meio termo. O tempo efêmero e sagaz sinaliza a sabedoria da ampulheta. Esta não para um segundo que seja porque o retorno é areia movediça. Os passos desta trajetória chamada tempo só tem uma direção – é para frente que se anda. É para frente que se anda... tic tac...tic tac...tic tac...
Há momentos que precisamos andar. Para alguns - quanto tempo estagnado, presos a convicções chamadas ilusões. Para outros, é o tempo de acordar, alongar, respirar fundo e compassadamente para seguir um caminho sem fronteiras, sem idade, sem gênero, mas cheio de significados e cores despertadas pela midríase de um olhar contemplativo para um novo dia. A música desperta um canto nas passadas de um relógio que soa: -  tic...tac...tic...tac...
O navio aporta em terra firme para quem sabe fazermos escolhas. Momento para olharmos no espelho e contemplar um ser que merece ser feliz. Quem sabe hoje você possa enxergar o marcador de uma hora chamada meu tempo chegou. Aproveite o seu momento e escute o soar uma melodia tilintar -  tic... tac... tic tac...tic tac.

(Texto de Conceição Honorato)