sábado, 24 de setembro de 2011

O ESPELHO QUE NÃO VEMOS


Espelho - uma superfície lisa, um objeto polido que reproduz nitidamente, imagens que o defrontam. De repente, algo se revela, se reflete, reproduz.

Por outro lado, espelho pode tipificar um exemplo de vida. Fulano é um exemplo para todos nós, que maravilha! Ou, Que mau exemplo, nunca se espelhe em fulano, ele é um modelo que não se deve seguir.

Por que tantos embates entre os homens, cujas necessidades desaguam para o mesmo rio – ser feliz, ser reconhecido perante seu semelhante?

 Penso que agem desta forma como não se tivessem espelho. Não enxergam sua própria imagem mutável a cada segundo de vida. Penso que se vestem de clichês virtuais, maquiados pela incompetência narcísica.





Será insuportável se olhar e ver as marcas de um eu, que precisa de um oleiro para refazer o seu vaso rachado? Rachado pela ação da onipotência, da pequenez, da presunção, da arrogância ou será o contrário? 

Como revelar uma casa bonita por fora, prestes a ruir a qualquer momento? - Suas bases revelam a rigor um alicerce formado pela insegurança, solidão, medo, sentimento de inferioridade, incapacidade em amar o outro, como reflexo da sua própria imagem. Há muito que aprender nesta vida.



O homem contemporâneo alçou vôo nas descobertas do novo século, entretanto, aportou a âncora nas muralhas de si mesmo. Vivem no cárcere das emoções, tomados pelo pavor da violência e pelo torpor da convivência – já não confiam mais no outro como reflexo da sua própria confiabilidade. São tão inconfiáveis, levianos, intransigentes. A constatação é simples, tênue, sutil: - A culpa será atribuída sempre ao outro. 


George Elton Mayor – um cientista social australiano postulou a teoria das Relações humanas, contrapondo à abordagem Clássica da Administração, fazendo brotar a Teoria das Relações Humanas.
A experiência teve inicio em 1927, na cidade de Chicago, numa fábrica de montagem de relés, situada no bairro de Hawthorne. A finalidade desta experiência era de realizar um estudo sobre a fadiga no trabalho. Foram selecionadas seis operárias que trabalhavam na sala de provas da referida fábrica. A ênfase focava como manter o ritmo de produção, controlando com precisão algumas condições físicas, como temperatura, umidade da sala, duração do sono na noite anterior, alimentos ingeridos, era objeto de observação.
Independente das condições ambientais e da estrutura de benefícios oferecidos às trabalhadoras, elas declaravam gostar de trabalhar na sala de provas. A supervisão era branda, o ambiente amistoso e sem pressões, a conversa era permitida e não havia temor ao supervisor. As moças fortaleciam os laços de amizades, as quais se estenderam para fora do trabalho. Conclusão: - Tornaram-se equipe, desenvolvendo lideranças e objetivos comuns.
Os pesquisadores começavam a desvendar um caminho que aportava a âncora na terra fértil do coração humano. Eles observaram que os fatores psicológicos alteravam de maneira singular o comportamento dos funcionários. Era um misto de constatação, onde o comum passava a obter o corpo formado pela valorização da natureza humana.


  As pessoas podiam falar o que sentiam a respeito da organização como um todo, da mesma forma como poderia conhecer os problemas de seus companheiros de trabalho. Resultado - o crescimento era dual. A organização se integrava a um organismo. A sua interação, impulsionava ao equilíbrio - um feed back reforçado pelo zelar do bem-estar entre as pessoas. Caso surgisse um sabotador, tipificado como "delator", visando comprometer a estabilidade conquistada, o grupo não aceitaria. O antivírus era produzido pela desagregação deste valor, reforçando a solidariedade entre eles. Não seria mais aceito qualquer ação que visasse prejudicar o companheiro de trabalho.






Precisamos do outro, como a vida imprime este complemento. Não nascemos sós. Mesmo no trabalho de parto no meio da selva, sem recurso algum, sempre haverá o dual – a mãe e o filho. O filho e a sua própria existência interagida na seiva da vida. A biosfera, o biossistema mitigando o princípio da existência.

Como já dizia Fernando Veríssimo: “- Pensando bem em tudo o que a gente vê, vivencia, ouve e pensa, não existe uma pessoa certa ... porque a vida não é certa. Nada aqui é certo! ... O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo...E só assim, é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz: "Graças à Deus deu tudo certo"
  


Caminho pelas ruas. No compasso de meus passos, dirijo-me ao cumprimento da agenda diária. Entro no carro. Passo batom. Penteio os cabelos, coloco o cinto de segurança. Oro ao meu querido Deus para me acompanhar e enxergar o que não quero ver, para me tornar uma pessoa melhor.
Acho que o espelho está se refletindo agora ...